Do cinza ao colorido
A história de Ana é bastante parecida com a de várias outras mulheres, que em algum momento da vida, perdem a empolgação e o entusiasmo. Muitas vezes, elas não conseguem identificar a causa de uma tristeza repentina, da falta de ânimo e de alegria de viver. Aparentemente, tudo transcorria normalmente na rotina de Ana, uma mulher de seus trinta de poucos anos, com filhos adolescentes, marido trabalhador e vida financeira estável. Apesar desta aparente calma, Ana passou a ter dificuldade para dormir, sentir-se angustiada, preocupada com o futuro e, mais do que tudo, sentia uma sensação muito grande de vazio, de que algo faltava, apesar de não conseguir identificar o que.
Os sintomas de depressão , tais como tristeza, cansaço excessivo, desânimo e sonolência, foram identificados pela família e ela foi encaminhada para uma psicoterapia. A história de Ana mudou quando ela pôde entrar em contato consigo mesma, compreender que lugar ela vinha ocupando nesta família; pôde, também, se dar conta de que havia abdicado de muitas coisas importantes ao longo de seu percurso, de que não tinha tempo para si mesma, para realizar seus próprios desejos, seus projetos. Ana se via ocupando a função de mãe, esposa, dona de casa, mas se deu conta de que havia abdicado de si mesma, além do necessário.
A psicoterapia auxiliou Ana a reorganizar alguns aspectos obscuros de sua vida. Ela se percebeu distanciada de sua verdadeira identidade e, uma vez consciente disto, resolveu tomar algumas atitudes significativas para a sua recuperação psíquica . Retomou os estudos, as leituras e a profissão que havia interrompido na ocasião da maternidade. Hoje a história de Ana está bem mudada. Ela se retomou o prazer pelas pequenas coisas, a sua rotina não mais a incomoda e ela se mostra bem mais atenta, mais em contato consigo mesma, para evitar sintomas , ou lidar com eles, para evitar novas crises de depressão.